A revelação dos mais de 250 mil documentos secretos sobre a atuação da diplomacia americana, feita pelo site WikiLeaks, gerou uma série de condenações pelo mundo. Veja algumas.
ONU diz que é inviolável
O porta-voz das Nações Unidas, Farhan Haq, evitou falar especificamente sobre os documentos, mas lembrou que a ONU deve ser tratada como uma organização inviolável.
"A ONU não está em posição de comentar a autenticidade do documento que tem por objetivo reunir informações sobre funcionários da ONU e suas atividades", afirma em nota.
Os documentos revelados no domingo incluem um pedido da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, para que seus diplomatas descubram detalhes técnicos sobre a comunicação entre funcionários da ONU, o que incluiria o secretário-geral Ban Ki-moon.
Paquistão: 'arsenal é intocável'
Em resposta ao conteúdo dos arquivos secretos, que apontam que o Paquistão estaria enriquecendo urânio com um reator nuclear experimental, o governo de Islamabad disse que "ninguém pode tocar" suas instalações.
"O Paquistão é um Estado nuclear com tecnologia avançada. Ninguém pode tocar as instalações e ativos nucleares do Paquistão", afirma em nota a chancelaria.
Israel vê lado positivo
Enquanto a maioria dos governos condenou o WikiLeaks, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, preferiu fazer uma avaliação diferente. Segundo ele, os documentos mostram que seu país sempre esteve certo ao alertar para o perigo iraniano.
Segundo os documentos, o rei Abdullah da Arábia Saudita pediu reiteradamente a Washington que atacasse o Irã para destruir seu programa nuclear.
Ahmadinejad vê conspiração
"Não passa de um jogo, uma guerra psicológica. Não terá o impacto político que eles (do WikiLeaks) querem", afirmou o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. Segundo ele, as revelações do site não são mais do que uma conspiração e não afetarão as relações de seu país com o mundo árabe.
Rússia condena, mas evita se estender
Com seu presidente, Dmitri Medvedev, comparado a "Robin" num dos telegramas americanos - o premier Vladmir Putin seria "Batman" - a Rússia deplorou a divulgação. O chanceler Sergei Lavrov sugeriu que Moscou não quer que as revelações prejudiquem as relações com Washington. O Kremlin disse que "heróis de ficção de Hollywood não merecem comentário oficial".
Paraguai chama embaixadora
No Paraguai, a embaixadora dos EUA foi convocada para dar explicações. Segundo os papéis divulgados pelo WikiLeaks, os EUA investigaram um possível apoio financeiro do presidente venezuelano, Hugo Chávez, ao presidente paraguaio, Fernando Lugo, durante sua campanha em 2008.
O governo americano também teria solicitado dados biográficos e biométricos, inclusive sobre DNA, de candidatos à Presidência paraguaia. O documento pede ainda um relato sobre as posições políticas de cada um e possíveis apoios financeiros ou materiais recebidos de Cuba ou Venezuela.
França defende EUA
Na França, o porta-voz do governo, François Baroin, reiterou o apoio do país aos EUA. Nos papéis vazados, americanos descrevem o presidente francês, Nicolas Sarkozy, como um político "que se irrita com facilidade" e é "autoritário". Baroin disse que os vazamentos de documentos deixam "a autoridade e a soberania democrática ameaçadas".
China censura
Os documentos mostraram uma China obcecada em promover ataques cibernéticos a seus inimigos políticos, desde o Google a Dalai Lama e EUA. O governo de Pequim proibiu a veiculação de qualquer informação sobre os arquivos secretos filtrados.
O próprio WikiLeaks se surpreende
Kristinn Hrafnsson, porta-voz do Wikileaks, disse à emissora americana CNN que ele mesmo se surpreendeu coma extensão da espionagem americana. Ele ainda descartou que o vazamento de informações ponha em risco a segurança dos Estados Unidos.
Berlusconi nega 'festas selvagens'
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, negou ter participado de "festas selvagens", como apontam os documentos revelados pelo WikiLeaks, e disse que não dá importância ao que "funcionários de terceiro e quarto escalão" contam sobre o que "leram em jornais de esquerda".
Eslovênia se defende
O governo esloveno negou ter recebido uma proposta americana para, em troca de uma reunião entre seu premier, Borut Pahor, e o presidente Barack Obama, receber presos de Guantánamo.
Reino Unido não vê riscos
Em Londres, Downing Street também condenou a publicação, afirmando que os governos deveriam poder operar sob o princípio de confidencialidade. O ex-embaixador britânico nos Estados Unidos Christopher Meyer minimizou o episódio, o qual qualificou de meramente constrangedor, garantindo que ele não afetaria em nada as relações diplomáticas mundiais.
Alemanha: 'lamentável'
O ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, qualificou o episódio de "processo lamentável", e afirmou que as relações com Washington não serão afetadas, apesar de documentos que descrevem Angela Merkel como uma pessoa sem criatividade e que evita correr riscos.
- A publicação desses documentos internos é um processo lamentável, cujos prejuízos, face ao grande volume das informações confidenciais, dificilmente pode ser avaliado - disse Westerwelle.
Zelaya diz que WikiLeaks prova golpe
O ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya concluiu, com base nos arquivos divulgados, que houve cumplicidade americana no golpe que o tirou do governo em julho de 2009.
"Fica clara a cumplicidade dos EUA ao conhecer previamente o planejamento e a execução do golpe de Estado e mesmo assim fazer silêncio", diz Zelaya em nota enviada da República Dominicana.
Um comunicado do embaixador americano em Honduras, Hugo Llorens, com data em julho de 2009, diz não haver dúvida de que houve uma conspiração entre todas as esferas de poder para um golpe de Estado no país.
Fonte: http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/11/29/wikileaks-divulgacao-de-documentos-secretos-ganha-serie-de-condenacoes-pelo-mundo-923138490.asp
Nenhum comentário:
Postar um comentário